sábado, 15 de dezembro de 2012

fechadas as janelas dos apartamentos
que até anteontem ocuparam - como
se ocupar fosse possível o vazio, já
não é a primeira vez que esses módulos
são sucessivamente habitados e
abandonados, só que dessa vez como
das outras, olhando as janelas pregadas
parece que é a última nunca será
porque não se pode habitar nem
abandonar o que não é nada, os
que viveram ali quando viveram
viveram em lugar nenhum não
viveram nada não deixaram nada
deixaram: as migalhas os
cigarros o cartaz da internacional
situacionista e um celular e sua
epistolografia.


Um comentário:

marina melo disse...

martim, tão bom que você tenha quebrado o voto de silêncio. saiba que seu respeitável público continuava frequentando seu blog, à espera, e ficou felicíssimo com o livro de história contido numa cicatriz e agora com o "como se ocupar fosse possível o vazio".

estamos com muitas saudades, venha nos visitar!

beijo,
marina.